sexta-feira, 17 de julho de 2009

the show must go on

Não tenho paciência para o 'recordar é viver'. Engraçado dizer isso, porque essa semana está recheada dessas situações de pessoas queridas com o discurso"o que fizemos da nossa juventude" na minha vida e eu tô achando que sou jovem demais para ter que viver isso.
Voltando um pouco no tempo, posso perceber que desde pequena, por motivos geográficos, cósmicos ou sabelá, a grande maioria dos meus amigos acabaram sempre sendo mais velhos, mais experientes que eu. Sem dúvidas, isso me fez ser sempre mais idosa do que realmente sou, o que funcionou bem para mim. Quando eu tinha 13 anos, andava com essas pessoas mais semi-adultas, com idade para dirigir e comprar bebidas, e éramos libertários, artistas, revolucionários... enfim, em síntese nós éramos jovens e metidos à besta graças a deus.
Aí que os ciclos eram sempre acompanhados de uma maneira peculiar: enquanto a maioria dos meus amigos entravam na faculdade, eu entrava no ensino médio. Quando eu entrava na faculdade, eles saíam e estavam preocupados com o mercado de trabalho, alguns até entravam no casamento, filhos... Quando eu comecei a me preocupar com o mercado de trabalho, aí eu acho que equiparou um pouquinho, porque é com isso que a gente acaba se preocupando pro resto da vida: dinheiro.
Bien, aí é que eu não me sinto culpada ainda. Até sinto, mas tenho mais o que fazer do que correr atrás do prejuízo, do tempo perdido, ficar mergulhada num tonél de saudosismo pensando que sou jovem demais para me enforcar com a gravata, que não sei o que meus amigos têm feito, que não somos mais parte de um cotidiano comum.
Eu consigo aceitar que os ciclos se findam, porque a amizade pode até ser eterna, mas a convivência? nem na família chega a ser. Posso até lamentar que todos nós perdemos o contato sem que sequer pudessemos perceber e se passaram anos, mas isso não vai trazer nada de volta e nem deveria. Mudanças têm que acontecer, é saudável.
Não quero ser cruel, mas prefiro deixar as coisas onde elas estão. Eu não procuro meus antigos amigos para reatar a velha amizade e convivência simplesmente porque, desculpe informar, mas ela não existe mais. Aquelas pessoas que adorava, devem ser ótimas hoje em dia, mas não são mais o que representavam para mim: o passado... Se eu mudei, é o mínimo do raciocínio lógico esperar que tenha havido uma mudança do cenário do passado, também. Não? Olha, adoro excessões, mas que qualquer ser humano que conserve a mesma vida daquele tempo até hoje, desculpe, mas é um sinal de que não vale a pena procurar. Uma pessoa que se recuse a mudar com o tempo é, no mínimo, suspeita. Vide PeterPan e suas calças fusô.
Ok, eu consigo conceber o quanto pode ser uma maçada perceber que sua vida tomou um caminho oposto das pessoas com as quais você confiava o suficiente para fazer besteira em grupo, e que nem sequer sabe notícias daqueles com quem costumava dividir sua vida, seus mortos, seus caminhos tortos...
Consigo conceber que os sentimentos possam perdurar ao ponto de você se sentir um merda ao lembrar que nunca mais bebeu contini com fanta laranja com aquelas pessoas...
Consigo até pegar o telefone para fazer ou atender uma ligação feita por estes motivos... O que não consigo engolir é a fantasia da tentativa de reunir todo mundo denovo para fazer aquelas mesmas coisas, como se o tempo não tivesse passado. Desculpe, mas ele passou.


"Eu até penso em fazer uma história nova com os mesmas personagens do passado, em nome do nosso sentimento... Mas não penso em perder meu tempo tentando refazer o passado em nome deste sentimento!"
[continua...]

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