domingo, 8 de abril de 2007

slow drug



ela olhou pela janela e viu a visinha lavando o quintal, eram duas horas da manhã e elas perderam o sono.
pensou, inevitavelmente.
pensou naquela droga vagarosa que deixava a ponta da sua língua dormente.
achava uma dicotomia em sua língua, a bifurcação da serpente que guarda entre os joelhos.
ela pensou inevitavelmente na droga que deixava a ponta da sua língua dormente, que a fazia tremer, queimar e depois consumia cada centímetro daquilo que conhecia de si.
o vento soprando um nó na sua garganta e a visinha sem sono que lavava o quintal.
pensou em seu sono, amanhã tem que trabalhar, amanhã é outro dia, outro maço de cigarros, outro café forte.
aquela droga vagarosa que deixa a ponta da sua língua dormente lhe falta e ela não sabe mais se é uma coisa ou outra... é como perder o rumo de si.













Blue now is the colour,
With the headlights burning,
Watching out the windows,
Still the question lingers,
I twist it round my fingers,
Could you be my calling?