segunda-feira, 28 de agosto de 2006

balanço

Quinta-feira, noite, fiquei em casa.
Descobrí muitas coisas, entre elas que se ficar um dia sem ver a novela já atrapalha na sua compleição da mesma, imagina semanas? As pessoas já envelheceram, engordaram e estão mais infelizes, grande Manoel Carlos Golçalves de Almeida.
Beautiful Girl do INXS entrou na trilha da novela, temática que adoro.
Helena continua com cara de coito interrompido.
Dramático.
Me perdí nas cenas, não sei mais assistir com a rapidez que ela exige... Na cena rau-can-ai-go-ôn da menininha deficiente encontrando seu irmãozinho no parque eu parei boba olhando praquela feição de bunda de reginelena duarte e viajei, não acompanhei mais. Estava imaginando um romance entre uma das Helenas-dramáticas-cadê-meu-vagisil do Manoel Carlos e algum dos personagens machões cospe-na-lata do Frank Miller. Tipo uma edição especial Batman Cavaleiro das Trevas, o coroa, que se apaixona pela Helena Ex-Namoradinha do Brasil, cara de "tira o dedo qu'esse cu é meu!". Seria fantástico, diálogos emocionantes de dramalhão regados a vento e chuva, porque todo dramão de HQ tem que ter chuva cinza.
Antes de mais nada, não sou pânthrica com poderes sobre-humanos de armazenar dados, histórias, críticas e exemplares raros de HQ, mas me dou ao luxo de vez em quando coisar uma Marvel para ver o Xavier dizendo que os mutantes não matam e o Wolverine retrucando com um "Responda por você, xará!", então suas garras de magnetita saindo fazem aquele barulhinho supimpa, "snick" e ele sai matando porque Wolverine é mau, pega um pega geral.
Tampouco sou fã do Manoel Carlos (embora tenha AMADO as tramas alternativas coadjuvantes não-principais de Laços de Família) que assiste a novela toda noite conversando com a almofada ou gritando para a tevê "largue de ser burra, Maria Alice, ele está te traindo com a empregada!!"... Mas tenho fortes tendências a ambos.
No mais, notícias do fim de semana: Passei 24 horas na horizontal, com pequenas pausas para alimentação.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

sine qua non II

A visinha dona Zica teve um filho, apenas um filhinho, fruto do prazer de um safado viajante de quem nunca mais se teve notícias.
Ao rebento deu-se o nome de João.
João nasceu como qualquer moleque, bem, mas tinha um probleminha: Ele era invisível.
Tinha olhos pequenos, apertados, melancólicos. Bochechas avermelhadas e rechonchudas. Estatura mediana e porte corpulento, mas tudo isso era segredo a quem quer que fosse, já que a única que conseguia enxergar o menino João era a sua mãe, a dona Zica.
Então dia desses João morreu de morte morrida, batendo insistentemente com a cabeça num muro de pedra.
Morreu.
Demorou um tempo sangrando, mas enfim morreu... E obviamente ninguém notou.

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

sine qua non

Três horas da manhã é hora mística.
Dizem alguns padres exorcistas que é a hora que os demônios escolhem para ação direta, como uma zombaria à santíssima trindade e inversão da hora tida como hora da morte de Cristo, três da tarde.
Não sou especialista, mas tenho pra mim que isso deve de ser verdade.


A janela tá fechada, a cama feita, outros lençóis.
O ar da diferença no cômodo, mas tem coisa alí pra arrumar, sempre tem.
O texto do trabalho que estava escrevendo há pelo menos 5 horas só tem uma frase. Nela a expressão "divisor de águas" aparece duas vezes e sem aspas. Vou jogar essa merda no lixo.
Hoje minha unha quebrou e fiquei realmente emputecida, como sofresse um aborto.
Comí macarronada e fiz um bolo de cenoura. Já parou pra pensar que todos os dias pelo menos uma das pessoas que você conhece comeu macarrão?
Nunca tinha feito um bolo de cenoura antes, ficou bom.
Quando você pára pra pensar naquilo que acha que ninguém pensa, conclui coisas assustadoras.
Temos um relógio biológico, certo?
O meu parou às três da manhã.





- Tava no rascunho: -


acordou sozinho.
desceu as escadas sozinho.
escovou os dentes sozinho.
leu o jornal sozinho.
foi à feira, comprou mangas, sozinho.
foi ao teatro, cinema, show de rock... sozinho.
almoçou sozinho.
riu sozinho.
lamentou sozinho.
dançou, fez coreografias absurdas, dessa vez sozinho.
entrou no metrô sozinho.
saiu do metrô sozinho.
cozinhou sozinho, pôs a mesa para três sozinho, serviu-se sozinho.
andou sozinho.
comprou sapatos sozinho.
chocolates brancos e fotografias sozinho.
lembrou sozinho.
escreveu este texto sozinho...
e ficava a cada instante mais claro que foi sempre assim e que ele faria tudo isso novamente sozinho cotidianamente até o fim dos seus dias... então sentou e esperou o fim da história chegar.

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

não sei escrever "possessa".

Estou puta.
Estou tão puta que tenho até postado todo dia (ou quase, o que significa freqüentemente e não me encha o saco).
Puta com as pessoas.
Puta com você que acredita piamente que seus amigos não podem ser gostados por outra pessoa.
Viu, idiota? Ser amigo não é possuir, monopolizar.
Viu, babaca? Tá na hora de acordar de entender que o fato de duas mil pessoas gostarem de arroz com cenoura como você não quer dizer que todas elas estão querendo parecer-se contigo, você não inventou nada, você não criou nem a si mesmo que é uma cópia tosca do meio em que vive, aula barata de sociologia blogspot.
Puta com você que achou que eu não tenho todo direito do mundo de ligar para o que acontece no mundo.
Não percebeu ainda que sua opinião e a minha têm a mesma equivalência; a de merda alguma?
Não percebeu que eu pensar em doutrinar criancinhas para serem extraterrestres e você passar a vida nos palcos fazendo sua artezinha barata dá no mesmo, que você coça a bunda e eu ainda tenho utopias, mas que somos fedor do mesmo lixo?
Tô puta por não ter voz mais pra falar.
Tô puta por não ter lugar pra sentar no trem.
Tô puta.
Tô realmente puta, infeliz, mas posso me considerar com a sorte de ao menos saber que isso não muda nada na vida de ninguém e o ponto é final.

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Borboletas acreditando em asas de pedra

Notícias extraordinárias:
Fiquei sabendo que não pertenço a este mundo, revelação deveras esclarecedora.
Segundo fontes seguras, sou um ser exilado de um planeta tri-legal porque sou ruim para ele... Como castigo, me jogaram aqui.
Bem que eu nunca entendí um lugar onde as pessoas decidem sempre muito mal o que fazer com o mundo onde vivem e só sabem fazer reclamar das escolhas alheias.

Lá no meu planeta as pessoas não sofrem porque querem.
Não têm meias-palavras.
A arrogância e petulância é maleducação, sabe? Como arrotar à mesa.
Dificilmente se registra um caso de alguém com choro preso na garganta.
As pessas não trabalham como cavalos e aceitam isso como um cão dócil.
Aliás e principalmente, no meu planeta as pessoas não são surradas gratuitamente na rua, não existem pessoas que, por frustração, raiva, rancor ou coisas quaisquer, tentam matar um outro alguém assim, de graça.
No meu planeta ninguém sai de casa pra ferir, pra agredir, pra usurpar a vida alheia. A gente sabe desde cedo que sexo é melhor.
Lá, não existem as tais Bósnias e Palestinas andando de ônibus, trem, metrô, que vivem das 6 às 10 cansando-se, gastando-se, e, na volta, sendo agredidas, feridas, estupradas, mortas.
Todos têm a clareza de enxergar quem lhes faz mal, entendem? Que não é a moça do balcão a responsável por ter vindo o prato errado, que não é o cachorro o responsável pelo seu cansaço, que não é o filho o responsável pelo salário de merda, que não é aquele homem feliz e inteligente o responsável pela sua infelicidade e burrice.
No tal planeta não existe a propriedade a denegrir.
Qualquer um lá sabe que o respeito é um principio norteador básico...
Ninguém vive castrado, retraído.
As pessoas sabem em senso comum, como se fosse óbvio, que viver e deixar viver é premissa & que no inferno não existe S.A.C.
Preciso urgentemente voltar pra lá!

bingo!

Estou espantada com a capacidade de dedo-em-riste das pessoas.
Era só isso.
Fiquei, inclusive, espantada com minha capacidade de síntese!

°

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

it two

Love me, love me, love me, say you do...
Let me fly away with you!
For my love is like the wind... And wild is the wind...
Wild is the wind...
Give me more than one caress,
satisfy this hungriness
Let the wind blows through your heart,
For wild is the wind, wild is the wind...

You touch me,
I hear the sound of mandolins
You kiss me...
With your kiss my life begins!
You're spring to me, all things to me...
Don't you know? Your life is safe!*

Like the leaf clings to the tree,
Oh, my darling, cling to me...
For we're like creatures of the wind, and wild is the wind...
Wild is the wind...

Like the leaf clings to the tree,
Oh, my darling, cling to me
For we're like creatures in the wind, and wild is the wind...
Wild is the wind...
Wild is the wind...




*o correto é "don't you know, you're life itself..."

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

it

°

cette tragédie devient un goût amer terrible dans la langue et au coeur...
et une femme avec un coeur amer est le plus mauvaise produit que l'enfer faite.


essa tragédia coloca um gosto amargo terrível na língua e no coração...
e uma mulher com um coração amargo é o pior produto que o inferno fez!

°


*de Sobre o estado de Joana, txt 2.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

É.. Haviam galos, noites & quintais!

O que acontece nos bastidores da roça:


O que houve quando ela já não aguentava mais suas olheiras, conseqüência das noites mal dormidas por conta de um galo com personalidade duvidosa que adora fazer serenata bem embaixo da sua janela...


- Indignada da vida, louca do meu cu & na fúria de marimar, fui falar hoje com o dono do galo.
- Você tem a pachorra de ir lá?
- Tenho não, já fui! Disse "Olha, senhor Raul, com todo o respeito, sabe? Mas chego tarde de faculdade e preciso dormir, coisa que (pausa pra pigarrear)... Hum, coisa que seu galo não está me deixando fazer! Taí, falei! Eu já não sei mais o que fazer, senhor Raul, ele está com implicância comigo, entende?
- Hum, e ele??
- Ele ficou sem saber o que dizer... Me perguntou "O que que eu posso fazer?! e mais que rapidamente eu disse "Mandar o desgranhento do galo pra panela! Com todo respeito, sabe?"
- Não acredito, não é do teu feitio!
- Olhe, galos com personalidade e filha-da-putísse não entram no meu programa de proteção irrestríta a animais camaradas! Eu falei mesmo pra mandar o galo pra panela e ele respondeu sorrateiro e meio desesperado: "Nããããão!! Não posso, é galo de estimação! No galinheiro só tem ele e uma galinha... Minha galinha sumiu, o coitado tá solitário, é isso que tem deixado ele atordoado assim, tenta entender..."
- Eu respondí na lata, já tava virada no diabo: "Senhor Raul, eu também fico um tanto solitária de vez em quando... E nem porisso fico cacarejando na janela do senhor, concorda??"
- Se arrumar outra galinha pra ele, será que não sossega?
- Nada, eu não quis falar pra não contrariar o homem, mas o galo é implicante mesmo, ele não vai com a minha fuça, desgramento.
- Hahaha, e nesse momento o galo tá quieto?
- Tá, tá quietinho.
- Então, quando vc colocar seu pijama do piu piu, escovar os dentes, apagar a luz e deitar ele vai começar a cacarejar?
- Não ainda... Ele afina a voz e faz aqueles exercícios de "si-pa-xi-fu" entre quatro e quatro e meia, aí faz um "humhum" de pigarro e canta lindo todas as canções de seu repertório, mas devido ao cansaço e sono que me são peculiares, isso só começa a me incomodar lá pras cinco e meia...



E você, na cidade grande, achou que a poluição era seu grande problema!