terça-feira, 7 de março de 2006

Sobre a dó (ou ainda: Ode à Francisco)


Hoje, lendo um texto aí ao qual não vou fazer referência, tive momentos de epifanía. Eu diria até que foi um despertar: Quando alguém de quem você realmente gosta (sim, eu gosto de você, não é pra ficar "todo todo") diz que saiu de um relacionamento o qual supõe-se que o fizesse feliz, a primeira sensação que nos acomete é a pena.
Sim, a pena, nem vem me dizer que no seu caso é diferente. Parece que não, mas esse instantâneo carinho demasiado e a vontade de abraçar a pessoa e dizer "isso passa, meu nêgo" é esse sentimento tosco que é a pena, "dózinha", se preferir. Aquela mesma "dózinha" que sentimos ao passar pelo mendigo na praça da Sé ou pelo gatinho abandonado numa caixa de sapatos. Ficamos sem saber o que dizer ou como agir, queremos aliviar as possíveis chagas que este fim deixou, e diria eu que com a mesma impáfia do super-homem quando se acha o mais fodão do universo achamos que podemos mudar a vida alheia.
Não é por querer: É instintivo que tentemos proteger os que nos são especiais, mas isso pode ser ofensivo, muchacho. Digo isso porque se o Chico dissesse pra mim que seu relacionamento feliz acabou e eu o olhasse com comiseração ele daria um belo roundhouse kick no meu olho esquerdo, afinal, é um homem grande, faz a barba, sabe atravessar a rua e arrumar e desarrumar namoradas sozinho, e ainda, dó de cu é rola.
Não quero com isso dizer que nenhum fim é doloroso e que quando aquele seu amigo emo estiver chorando porque perdeu a namorada você deve mandar ele parar com a frescura e ir assistir meninas superpoderosas, absolutamente. Estou mesmo é lembrando que as coisas têm início, meio e fim - nem sempre nessa ordem, mas pelo menos é assim que deveria ser -, e que se o namoro do seu amigo acabou não quer dizer que o mundo dele caiu, só que o prazo de validade dessa relação expirou, mas que entre o início e o fim há um meio, e é aí nesse meio que as coisas fazem a sua história valer a pena ou não.

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